Em 2009, uma enorme explosão atingiu um terminal de combustíveis caribenho (CAPECO), em Porto Rico. Numa falha de carregamento em um dos tanques, houve um transbordo de uma grande quantidade de gasolina, com a formação imediata de uma densa e ampla névoa branca, altamente inflamável. Boa parte do volume transbordado vazou da bacia de contenção, em direção ao separador de água e óleo (SAO), onde havia um equipamento elétrico capaz de gerar uma ignição na atmosfera explosiva da névoa. Foram alguns dos impactos desta explosão:
- Onda de choque suficiente para um tremor de terra com registro de 2,9 graus na escala Richter;
- 300 edificações residenciais e comerciais danificadas;
- 17 (do total de 43) tanques completamente destruídos e consumidos pelo fogo;
- 48 horas de incêndio;
- Pluma atmosférica tóxica com extensão de 13 Km.
Uma investigação detalhada do acidente concluiu que, além do erro humano no cálculo do tempo de enchimento do reservatório, vários dispositivos de medição de nível no terminal apresentavam falhas e não recebiam manutenção adequada, e que a presença de um alarme confiável de nível alto, atuando de modo independente dos transmissores de processo, provavelmente teria evitado a tragédia. Também se pôs em xeque as avaliações de risco da EPA, a agência de proteção ambiental dos EUA, que não regulava os terminais de combustíveis com o mesmo rigor com que regulava as plantas químicas e refinarias que, por sua vez, lidavam com os mesmos produtos inflamáveis!
Este e outros acidentes forçaram a criação de uma norma orientada à prevenção de transbordos em terminais de combustíveis, refinarias, plantas químicas e quaisquer outras unidades de armazenamento de produtos químicos ou de derivados do petróleo: A Norma API RP 2350. Esta norma norte-americana tem aceitação internacional, e aborda sistemas de gerenciamento, parâmetros operacionais, procedimentos e equipamentos, com destaque ao teste de integridade (proof testing) dos equipamentos. A figura abaixo mostra um exemplo de chave de nível do tipo deslocador, de acordo com a API RP 2350. Neste dispositivo da AMETEK/MAGNETROL®, com distribuição exclusiva pela ALUTAL® no Brasil, o operador testa facilmente a sua integridade, no pé do tanque.
Infelizmente, pela minha experiência com distribuidoras de combustíveis e empresas químicas, constato que a maioria ou possui um sistema de controle de nível obsoleto ou pouco confiável, ou ainda depende das medições manuais, feitas com trena no teto do tanque, adicionando uma nova camada de risco ao processo: fadiga do operador (um fator perigosamente subestimado nos projetos), erros de leitura etc. E, daquelas que ainda contam com um bom controle de nível automatizado, a maioria não possui um sistema dedicado de alarme.
Por outro lado, entendo também haver uma lacuna regulatória, uma vez que todas as empresas que visitei possuem as suas respectivas licenças de operação. Uma consulta aos termos de referência dos principais órgãos ambientais revelou que não se menciona a API RP 2350, muito menos se obriga o empreendedor a cumpri-la. Atualmente, o seu emprego – no todo ou em partes –, depende da conscientização da alta gerência ou da maturidade dos consultores responsáveis pelas avaliações de riscos. Afinal, eventos de baixa probabilidade de ocorrência, mas com consequências gravíssimas, não podem ser negligenciados, sob pena de haver responsabilidades – civis, criminais e administrativas –, a todos os envolvidos num eventual acidente, incluindo agentes públicos licenciadores, fiscais, consultores, gestores, engenheiros, projetistas e diretores, especialmente quando há meios internacionalmente reconhecidos para reduzir as chances de sua ocorrência!
A ENVICON é representante autorizada da ALUTAL® nos estados do Paraná e Santa Catarina. A AMETEK/MAGNETROL® é uma referência mundial em instrumentação no mercado de óleo e gás, e possui as soluções mais robustas e seguras em nível e fluxo do segmento. Para qualquer dúvida ou necessidade, entre em contato conosco.