Falta de controle operacional: uma tragédia anunciada.

Meio Ambiente

“Precisamos de oito equipamentos na área e só temos quatro à disposição. Tirei o pessoal das outras docas, onde a situação está menos crítica! A continuar assim, em dois ou três dias a fábrica para, pois não temos pessoal para dar conta do volume!”

Foi esta a primeira responsabilidade que assumi como gestor de resíduos. Eram oito equipamentos e dois backups. Dos dez à disposição, apenas quatro estavam em campo. Antes, o gerenciamento havia sido redesenhado de modo a reduzir a necessidade de 200 operadores, no turno mais crítico, para 32. Muitos processos manuais foram mecanizados, com empilhadeiras adaptadas com sistemas de giro para o basculamento das gaiolas nas docas, onde eram feitas a triagem e a compactação do material. O novo sistema havia sido implementado há dois anos. No primeiro ano, correu tudo relativamente bem. A partir do segundo, os problemas operacionais começaram a surgir e, no momento em que assumi a área, a situação já estava bem crítica. O histórico apontava para a evidente falta de controle operacional. Empresa com ISO 14.001, ainda em êxtase pela confirmação da recertificação…

O diagnóstico durou um mês. No período, muito trabalho de campo: entrevistas com os operadores, supervisores da operação e da manutenção, Gemba com os responsáveis pelo fornecimento dos equipamentos, e reclamações, muitas reclamações: para o fornecedor, a operação não cuidava dos equipamentos. Para a operação, os equipamentos não funcionavam porque eram de má qualidade. Numa reunião de alinhamentos, quase teve briga. Comecei a fazer duas reuniões em paralelo: uma com o usuário e outra com o locatário. Para os operadores, muita resignação e, em alguns casos, má vontade ou desleixo. E não era só isso: especialmente nas docas mais movimentadas, não raro as prensas estragavam ou paravam por sobrecarga ou falta de manutenções preditivas ou mesmo corretivas: as equipes de manutenção eram enxutas e davam preferência para as ocorrências na fábrica. Fora outros problemas de gestão e comunicação que atingiam a área de resíduos, como um todo.

Os checklists existiam, mas não eram práticos. Eram preenchidos, mas apenas para “fins de auditoria”, ou seja, não tinham qualquer utilidade. As ordens de serviços (OS) para as corretivas na oficina existiam, mas não eram mais usadas, muito menos registradas: havia uma prerrogativa da oficina em receber os equipamentos, ou não. Como a oficina priorizava as chamadas da logística de fabricação, as corretivas só eram feitas em casos de pane geral. Nesses casos, ainda persistia uma dúvida: de quem seria a responsabilidade pelos custos das peças trocadas: da gestão? Da operação? Do fornecedor? O controle de disponibilidade dos equipamentos era precário e não servia para fins de gestão. As manutenções básicas não eram feitas. As preventivas de outras máquinas dependiam da boa vontade da manutenção, não havendo qualquer tipo de controle por parte do gestor de resíduos. E, para piorar, as empilhadeiras eram, de fato, de qualidade inferior.

Com grande esforço, tive a oportunidade de revisar os checklists com todas as partes envolvidas, e cobrar o seu uso em campo; melhorar os controles de disponibilidade, e cobrar do locatário pelas horas indisponíveis; atualizar as rotinas de manutenções básicas (limpezas, verificações, retoques etc.); definir responsabilidades pelas corretivas, o que minimizou um pouco o conflito de interesses; tornar obrigatório o uso das OS e recepção, pela oficina, de quaisquer ocorrências; entre outras ações. Como resultado dessas ações simples e emergenciais, não ocorreram mais situações críticas como aquela do início do artigo. Na verdade, o resultado apontou para a gravidade de não se planejar adequadamente os controles operacionais do sistema de gestão ambiental. Em outras palavras, controles operacionais ineficazes ou superficiais são tragédias anunciadas: cedo ou tarde, elas ocorrerão!

Você não possui um SGA estruturado, ou não está seguro de que os controles operacionais de seu sistema estão bem planejados ou, ainda, que a melhoria contínua não ocorre a contento? A ENVICON tem experiência e capacitação para lhe ajudar! Contate-nos!